O QUE É CAPOEIRA


 CAPOEIRA SIM SINHO
  


A história da capoeira no Brasil começa no ano de 1500 no período da colonização  do Brasil pelos portugueses, que  capturavam os negros nos diversos países do continente africano, forçando-os a trabalhar nas suas colônias. Assim tem início a grande diáspora negra e o tráfico de escravo da África para o Brasil que marca também a introdução da cultura africana no território brasileiro. Logo que chegaram ao Brasil os negros eram direcionados para as diversas atividades ao longo do vasto território brasileiro e muitas vezes eram separadas as tribos, irmãos e famílias inteiras. O negro não tinha valor como ser humano e era visto como um animal. Eram maltratados e viviam em condições precárias sob punições, açoites e constante vigilância por parte de seus senhores. É nesse ambiente que a história  da capoeira se desenrola  com o negro em condições de completa subserviência.
                                                           A partir de 1810 é que vamos começar a perceber o despertar da capoeira da forma que conhecemos. Nessa época inicia-se uma nova relação entre a comunidade negra e a classe dominante,  é um marco na história da cultura negra do Brasil, “quando os cultos negros começaram a ser praticados abertamente e em seu próprio espaço (terreiros), e o Estado brasileiro e a comunidade branca passaram de uma posição de consentimento para repressão dessas manifestações, o que faz com que os negro capoeira fortifica suas raízes e tradições e se apóia em sua cultura e história como forma de resistência e sobrevivência dentro do território brasileiro:
                                                                         Depois de cerca de 400 anos de história no Brasil é praticada  a cerca de 150 países, reconhecida pelo comitê olímpico brasileiro, bem como pelo Ministério da Cultura  Brasileira como PATRIMÔNIO CULTURAL BRASILEIRO.

FALAR DE CAPOEIRA TEMOS QUE REVERENCIARMOS AO VELHOS MESTRES:

 MESTRE PASTINHA.     senhor da agilidade e da coragem, da lealdade e da convivência fraternal. Em sua escola, no Pelourinho, Mestre Pastinha constrói cultura brasileira, da mais real e da melhor, começou a capoeira aos 12 anos, com um velho africano chamava-se Benedito, passou a ministrar aulas de capoeira  na Escola de Aprendiz de Marinheiro, para seus colegas. Depois em 1910, saiu da marinha e foi ensinar capoeira a Raymundo Aberrê, além de trabalhar no Diário da Bahia.

                        Em 1941, em uma tarde de domingo, seu ex-aluno Aberrê o chamou para uma roda de capoeira no Gingibirra, na Ladeira das Pedras, onde se encontravam os maiores mestres da Bahia. Mestre Pastinha o acompanhou e ficou a vadiar à tarde com os outros mestres. Ao final da tarde, o mestre Amorzinho, que era um dos maiores mestres da Bahia, entregou a capoeira angola ao Mestre Pastinha, para que ele tomasse frente e a colocasse em seu devido lugar. Assim começou o CECA –Centro Esportivo de Capoeira Angola - em 1952, no largo do Pelourinho. O uniforme do CECA era preto e amarelo que eram as cores do time de futebol Ypiranga, que tinham Mestre Pastinha como torcedor fanático.                        Em 1971, aos 82 anos, cego, mandaram-lhe mudar do Pelourinho dizendo que haveria reformas no conjunto arquitetônico, e que poderia voltar quando tudo terminasse. Perdeu quase todas suas coisas que ficavam na Academia. Passou viver com uma quantia simbólica que pouco lhe sustentava.
                       Muito doente, mudou-se para um quarto úmido e sem janelas. Quando o dia em que acabara as reformas e ele voltaria a dar aulas na Academia, Pastinha ao descobrir que a prefeitura havia desapropriado o imóvel, doado ao Patrimônio Histórico da Fundação do Pelourinho, que vendeu ao Senac, entrou em profunda depressão.
                       Em 13 de novembro de 1981, veio a falecer aos 92 anos dos quais 82 dedicados à causa da capoeira. Morreu cego e abandonado, D. Romélia que cuidou dele até sua morte.
 

PARA PASTINHA OS  TOQUES  ERA:

São Bento grande, São Bento pequeno, Angola, Santa Maria, Cavalaria, Amazonas e Iuna.

SOBRE A CAPOEIRA

“Saem daqui da Academia sabendo tudo. Sabendo que a luta é muito maliciosa e cheia de manhas, que a gente tem de ter calma. Que não é uma luta atacante, ela espera. Capoeirista nunca dizia a ninguém que lutava. Era homem astuto e ardiloso, como a própria luta, que se disfarçou com a dança para sobreviver depois que chegou de Angola. Capoeirista é mesmo muito disfarçado. Contra a força só isso mesmo. Está certo”

“O capoeirista é um curioso, tem mentalidade para muita coisa, sabendo aproveitar de tudo que o ambiente lhe pode proporcionar. E a Capoeira Angola só pode ser ensinada sem forçar a naturalidade da pessoa. O negócio é aproveitar os gestos livres e próprios de cada um. Ninguém luta do meu jeito, mas no deles há toda a sabedoria que aprendi. Cada um é cada um”
SOBRE  DOIS  GRANDES  ALUNOS.

João Grande   e   João Pequeno

Em 1970, Mestre Pastinha assim se manifestou:

"Eles serão os grandes capoeiras do futuro e para isso trabalhei e lutei com eles e por eles. Serão mestres mesmo, não professores de improviso, como existem por aí e que só servem para destruir nossa tradição que é tão bela. A esses rapazes ensinei tudo o que sei, até mesmo o pulo do gato".
            

                                                                                     MESTRE NORONHA- Daniel Coutinho nasceu em Salvador (BA), na Baixa dos Sapateiros e iniciou seu aprendizado na Capoeira com Cândido da Costa (Cândido Pequeno) aos 8 anos de idade. Foi engraxate, estivador, doqueiro, trapicheiro e ajudante de caminhão. Junto com Livino, Maré, Amorzinho, Aberrê, Percílio, Geraldo Chapeleiro, Juvenal Engraxate, Geraldo Pé de Abelha, Zehí, Feliciano Bigode de Seda, Bom Nome, Henrique Cara Queimada, Onça Preta, Cimento, Argemiro Grande, Argemiro Olho de Pombo, Antônio Galindeu, Antônio Boca de Porco, Cândido Pequeno (Argolinha de ouro), Lúcio Pequeno e Paquete do Cabula fundou o "Primeiro Centro de Capoeira Angola do Estado da Bahia", em Ladeira da Pedra, Gengibirra, na Liberdade. Com Livino fundou, também o "Centro de Capoeira Angola da Conceição da Praia". Deixou seus manuscritos organizados por Fred Abreu e publicados pelo Programa Nacional de Capoeira, intitulado "ABC da Capoeira Angola".
Apesar da baixa escolaridade, Noronha, era inteligente, observador e arguto, como a maioria dos mestres e capoeiristas de sua época, observando, analisando, deduzindo e concluindo a propósito da sua grande paixão, a capoeira.

Inserido em ambiente de cultura predominantemente oral, repetia a tradição, sem deixar de indagar a credibilidade das informações, cotejando-as com sua experiência pessoal e tentando incluí-las no contesto da época. ...


"PORQUER E NOSSO PREVILEGIO. ACAPOEIRA VEIO DA AFRICA TRAZIDA PELLO AFRICANO TODOS NOIS SABEMOS DISCO POREM NÏ ERA EDUCADA QUEM EDUCOR ELLA FAMOS NOIS BAHIANO PARA SUA DEFEISA PESSOAL QUE ESTAR NOIUS MEIOS ÇOCIAL PORQUE É O ESPORTE MAIS ATRAENTE DO MUNDO"...




MESTRE CANJIQUINHA. Washington Bruno da Silva nasceu em Salvador, em setembro de 1925 e seu "mestre" foi Raimundo Aberrê. O apelido foi dado por um amigo, inspirado no Samba "Canjiquinha quente", cantado por Carmem Miranda. Segundo esse amigo, era a única música que Washington sabia cantar, por isso começou chamá-lo de Canjiquinha, e pegou.

Excelente capoeirista, Canjiquinha também se destacava pela sua performance no canto e nos instrumentos. Grande improvisador, contribuiu muito na adaptação das cantigas populares. Dos capoeiristas, Canjiquinha foi o mais requisitados para exibições. Chegou a atuar no cinema, nos longa-metragens "Os Bandeirantes", "Barravento", "O Pagador de Promessas", "Senhor dos Navegantes", "Samba", entre outros.



 Toques de Berimbau usado por Mestre Canjiquinha
Angola, Angolinha, São Bento grande, São Bento pequeno, Santa Maria, Ave Maria, Samongo, Cavalaria, Amazonas, Angola em Gegê, São Bento grande em gegê, Muzenza, Jogo de dentro e Aviso.
      



MESTRE CAIÇARA
Antonio Conceição Moraes, Mestre Caiçara, nasceu em Cachoeira de São Felix, no Recôncavo Baiano, em 08 de Maio de 1924. Foi discípulo de Antonio Rufino dos Santos (Aberre de Santo Amaro e Waldemar de Perovaz) e era membro do Conselho de Mestres da Associação Brasileira de Capoeira Angola.

Longas décadas atrás, preocupados com os crescentes pedidos para comparar a Capoeira com as demais lutas, Mestre Caiçara já tinha seu veredicto: "Cada qual com seu cada qual" eliminando assim de vez o falso problema.

Pouco depois, em São Paulo, aconteceu que, convidado por um ex-aluno para dar uma "volta do mundo", Caiçara notou que o "garoto estava jogando com um certo atrevimento", foi o que bastou para o mestre dar uma cabeceira (cabeçada) desconcertante, jogando seu ex-aluno fora da roda e aproveitando, mais uma vez, para professorar:
"Roupa de homem não da em menino; esses meninos de hoje, mal sabem soletrar já pensam que sabem ler"

Não foram poucas as vezes que Caiçara provou sua maestria, inclusive como cantador, afirmação que pode ser facilmente comprovada pelos discos que gravou.

Nada mal para quem, na juventude, muito forte e ousado, limitava-se a comandar as principais figuras de uma determinada área de meretrício de Salvador. Mais tarde, mestre de capoeira, mestre da própria vida, e, certamente com as bênçãos de todos os Orixás da Bahia, Caiçara começou a fazer um exemplar trabalho comunitário com os meninos de rua.

Foram seus contra-mestres   Sergipe  e  Fernandinho.


                       
MESTRE JUVENAL SAPATEIRO


Tinha um barracão onde aconteciam rodas de capoeira, lá no Chame-Chame.Osvaldo Sapateiro, aluno do Mestre Valdemar Entre seus colegas de vadiação estava Samuel Querido de Deus, muitos anos mais velho que ele. Pelo jeito, o temido Querido de Deus devia respeitar muito o jovem Juvenal, Mestre Juvenal Engraxate também não ficou tão famoso quanto Bimba, Pastinha ou mesmo Waldemar. Mas foi um dos grandes da Bahia na década de 40- BAHIA





                                                                  


                                                           

MESTRE  COBRINHA VERDE

Rafael Alves França, mandingueiro respeitadíssimo no seu percurso por este mundo de meu Deus. Nasceu em Santo Amaro da Purificação (BA). Com 4 anos de idade iniciou-se na Capoeira pelas mãos de Besouro, seu primo carnal. Além de seu primeiro mestre, Cobrinha Verde também bebeu da sabedoria de Maitá, Licurí, Joité, Dendê, Gasolina, Siri de Mangue, Doze Homens, Espiridião, Juvêncio Grosso, Espinho Remoso, Neco, Canário Pardo e Tonha. Foi 3° Sargento no antigo Quartel do CR em Campo Grande, tendo participado também da Revolução de 32 entre outras pelejas. Durante muitos anos ensinou em seu Centro Esportivo de Capoeira Angola Dois de Julho, com sede no Alto de Santa Cruz, s/ n°, no Nordeste de Amaralina.





  MESTRE WALDEMARA DA PAIXÃO   um capoeirista de grande destaque entre os que defendiam a escola tradicional foi Mestre Waldemar da Liberdade, nascido em 1916 e falecido em 1990, cantador absoluto, Capoeira desde rapaz. Teve como seus Mestres, nada menos do que Siri de Mangue, Tanabí e Canário Pardo. Freqüentador assíduo das Festas de Largo, tinha o seu barracão, na Liberdade, onde ensinava e promovia as suas Rodas, muito conhecidas e apreciadas por todos e freqüentadas por capoeiras e artistas como o notável Carybé. Ficou conhecido também pela qualidade e beleza dos berimbaus que fabricava. Temido e respeitado, por todos com quem jogava, teve vários admiradores e alunos, dentre eles Zacarias. Muitos e muitos capoeiristas e estudiosos, várias vezes recorrem ao Mestre que sempre atendeu a todos com a simpatia e cortesia de um Capoeira genuíno. Hoje Mestre Waldemar anda por outras Rodas, porém aqueles que passam pela Avenida Peixe, na Liberdade, ainda podem sentir a sua presença e ouvir o seu inconfundível canto, acompanhado com seu "berimbau voizero".
“Essa pintura de berimbau quem inventou fui eu. (...)
Palavras do Mestre
Os capoeiristas  faziam berimbau com casca. O arame era arame de cerca, não era arame de aço. Depois eles queimavam o pneu e tiravam aquele arame enferrujado, quebrava. Eu inventei abrir na raça pra sair cru. Cheguei a fazer berimbau envernizado. Cheguei a fazer berimbau em branco (...) Depois eu inventei pintar e passei a fazer berimbau pintado. Sou conhecido nisso.”

Toques de berimbau usados por Mestre  Waldemar da Paixão:

São Bento grande, São Bento pequeno, Angola, Benguela, Ave Maria, Santa Maria, Cavalaria, Samongo, Angolinha, Gegê, Estandarte e Iuna.